Este artigo trata da implementação de Políticas Públicas para escolas em territórios quilombolas no estado de Mato Grosso. Essas escolas possuem uma configuração singular a partir da implementação da lei 11.645/08, que inclui no currículo oficial dos estabelecimentos de Ensino Fundamental e Médio a obrigatoriedade da temática História e Cultura Afro- Brasileira e Indígena. Tenciona, ainda, prescrever o sentido desta escola específica e diferenciada e as relações estabelecidas entre os saberes locais atuais e os tradicionais. Apresento relatos a partir de entrevistas semi-abertas com gestores e professores que apontam a necessidade do debate em torno das Políticas Públicas para as Escolas Quilombolas do estado em favor do fortalecimento identitários e direitos territoriais dessas comunidades.
O artigo discute a gestão da Escola Aleixo Pereira Braga, no Quilombo Mesquita, em Cidade Ocidental, GO. Resulta de pesquisa exploratória, qualitativa, tendo por referência um estudo de tipo etnográfico. Mesquita, local de remanescentes de quilombo, cuja população é estimada em duas mil pessoas. Objetivou-se discutir a gestão da instituição de ensino em uma situação de conflito, caracterizada pela discussão entre a gestão de uma escola quilombola ou uma escola regular. Por fim, apresenta-se a tendência de evolução desse processo no momento atual, considerando o Plano Nacional de Educação – PNE, o Plano Estadual de Educação de Goiás e o Plano Municipal de Educação de Cidade Ocidental – PME.
Este texto é parte de uma pesquisa de abordagem qualitativa realizada no quilombo de Conceição das Crioulas/ Salgueiro/PE, que discute a concepção de educação escolar quilombola e participação dos quilombolas no processo educacional e o significado para ampliar os espaços de reconstrução da história do território. Traz alguns elementos que contribuem com a reflexão sobre a educação escolar quilombola, desafios e aspectos relevantes da participação social dos quilombolas, sobre o processo educacional em um quilombo. Aborda questões que os jovens quilombolas apresentaram e consideraram importantes para o currículo escolar na perspectiva da afirmar a identidade e autoestima do jovem, a exemplo da formação de professores/as, mundo trabalho, a garantia de direitos e permanência dos quilombolas em seus territórios de forma digna.
Nesse trabalho apresentamos o Mapa Social da Comunidade Quilombola de Mata Cavalo elaborado de forma participativa pelos alunos da Educação para Jovens e Adultos e pelo Grupo Pesquisador em Educação Ambiental, Comunicação e Arte (GPEA) da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT). As oficinas de mapeamento seguiram um percurso dialógico da arte-educação-ambiental formando estações vivenciais que se configuraram como uma expedição pelo viver comunitário. Temos o objetivo de apresentar os resultados das oficinas, mas de igual importância apresentamos o processo de mapear, pois o consideramos como uma profícua prática educativa. Compreendemos que o mapeamento deve ser elaborado com e, principalmente, pelas comunidades, este é um percurso dialógico importante para a educação ambiental e para a educação popular, peculiarmente, por contribuir com a visibilidade desses grupos sociais.
Esta Tese teve-se como objetivo geral analisar o direito à educação como expressão de cidadania face à realidade educacional na Comunidade remanescente quilombola Kalunga, considerando os preceitos Constitucionais de 1988, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional de 1996 e a Emenda Constitucional n. 59/2009. O problema da pesquisa consiste na identificação das condições que possam garantir o direito à educação mediante acesso e permanência com sucesso do alunado nas escolas pesquisadas.
As pesquisas do campo da Educação tem trazido diversos desafios, no que diz respeito às possibilidades interpretativas voltadas aos objetos de pesquisa, ou seja, o aspecto científico ou a validação da produção do conhecimento tem vivenciado novas proposições, no sentido de ampliar os olhares acerca do reconhecimento e valorização dos saberes existentes nas realizações cotidianas dos sujeitos, procurando romper com os princípios do colonialismo, os quais permearam os discursos e a ciência na condição dicotômica, estabelecendo a hierarquização dos saberes.
A pesquisa em desenvolvimento tem por objetivo geral compreender as epistemologias que dão sustentação às práticas curriculares de professores em comunidades quilombolas no agreste central de Pernambuco. Está situado no campo das Epistemologias do Sul, termo utilizado pelo Sociólogo Português, Boaventura de Souza Santos para designar um conjunto de intervenções epistemológicas que denunciam a supressão dos saberes levada a cabo, ao longo dos últimos séculos, pela norma epistemológica dominante, valorizam os saberes que resistiram com êxito e as reflexões que estes têm produzido e investigam as condições de um diálogo horizontal entre conhecimentos.
A formação de quilombos está entre as principais formas de resistência escrava elaboradas por africanas, africanos e seus descendentes ao sistema escravista brasileiro. Constituem‐se exemplos de grupamentos ou sociedades detentoras de fortes vínculos com tradições africanas e podem sem compreendidos, também, como territórios coletivos de liberdade e de projetos políticos por uma maior autonomia.
Eixo 6. Esta pesquisa é sobre os silenciamentos e significados que acontecem no espaço do convívio cotidiano da comunidade quilombola Sítio dos Crioulos, situada em Jerônimo Monteiro, cidade ao sul do E.S. Como os saberesfazeres praticados estão expressos naquela comunidade? Pode ela apresentar algo novo para o campo ambiental e algo que renove interculturalmente as relações de saberes? A discussão proposta está centrada em suas maneiras de se constituírem através de outros sentidos que não de uma educação ambiental 1 etnocêntrica de salvaguarda do mundo e que acabam se reduzindo a novos preceitos civilizacionais que modelam uma outra-nova sociedade. O fio condutor deste trabalho é: fazer uma leitura de mundo a partir de e com o Outro, na compreensão das formas de saberes produzidas no/com o Sítio dos Crioulos, assim como suas narrativas e estórias nas articulações da relação tempo-espaço, no encadeamento de uma educação ambiental que está dentro e fora da escola. Também do movimento etnográfico 2 de estranhamento e aproximação a partir dessa premissa de alteridades. Dos possíveis paralelismos e abismos culturais que nos unem e separam. Do sintoma do que é hoje o sentido do ambiental e dos discursos que dele são produzidos e reproduzidos. Mas o que será o ambiental para esses Outros? Como eles praticam esse sentido, e se é que há algum sentido para eles. E se tiverem, como vivenciam? Como seus saberes e práticas são exercitados e experimentados em suas vidas?
Eixo 3. O trabalho apresenta alguns aspectos da hybris jovem partindo de uma reflexão sobre o rap quilombola “Você é Você” para compreendermos aspectos das subjetividades jovens. Entretanto, a intenção aqui não é de psicologizar a sala de aula, o aluno e a escola. Podemos entender em Souza (2012), que a compreensão equivocada da psicanálise até contribuiu para este estado de coisas – esta dificuldade da escola e do professor se situarem e acabarem convergindo a si as maiores contradições da sociedade. O artigo destaca três níveis de subjetividades, compreendidas como facetas do plano intermediário das particularidades: 1) a subjetividade jovem, marcada pelo período de metamorfose impulsionado pela puberdade; 2) a subjetividade negra, marcada pelo histórico de negação, exclusão, preconceito e racismo; e a 3) subjetividade cultural, que pode permitir a integração da fluidez e fragmentação jovem, além do alívio de sua angústia, na medida em que propõe ao jovem alguma ordenação a partir de um ethos (lugar) de grande sintonia às produções multiculturais, onde expressões musicais, dramáticas e corporais (danças) se apresentam como práticas externalizadas de um trabalho de elaboração que se processa internamente, relaxando a pressão implícita sobre seu modo futuro de ser adulto, ao que deve responder. É este estado de “pertencimento”, diríamos, que conflui suas inconformidades e agressividades nas artes e expressões corporais, que entendemos como um período de latência ritualizado para a reorganização de suas perspectivas futuras quanto ao modo de ser adulto.