O artigo discute, sob as perspectivas teóricas de Bourdieu (2009), Foucault (1993; 1999) e Weber (1982; 1995), as relações de poder observadas em uma escola pública de educação básica, situada no estado de Minas Gerais. Foram feitas observações sistemáticas durante o 2º semestre letivo de 2013, em duas classes do ensino fundamental, uma do 6º ano e outra do 9º, além de observações do recreio e outros espaços internos da escola. O registro foi realizado por meio de anotações de campo, um dos três instrumentos de coleta de dados utilizados em uma dissertação de mestrado ainda em andamento, cujo tema central é a violência simbólica escolar. O objetivo deste trabalho é compreender como nessa instituição, que é vista hegemonicamente pela comunidade local como uma boa escola, com gestão que se conceitua democrática e que é frequentada por alunos considerados bons, se dão as relações de poder.
Entender a instituição social onde jovem cumpre penas restritivas de liberdade é de fundamental importância para a sociedade contemporânea. Nesta perspectiva, como arcabouço teórico recorreu-se às contribuições de Bourdieu, Berger & Berger e Foucault, para apreender os sentidos dos conceitos necessários para maior amplitude de discussão do tema. Peter Berger & Brigitte Berger discutem a constituição estrutural e funcional de uma instituição social elevando-a para uma recorrência à linguagem e Michel Foucault desenvolve os conceitos acerca das relações de poder e a disciplina, formando então, uma base teórica para análise e melhor compreensão da temática. Recorre-se também ao conceito de violência simbólica de Bourdieu (2007) para entender as discursividades da educação que perpassa a principal representação que a sociedade quer fazer crer ser o objetivo destas unidades: socioeducativas.
Eixo 4. A pesquisa descrita neste trabalho tem como objetivo compreender os saberes construídos por jovens e adultos em contexto de privação e restrição de liberdade, buscando uma possibilidade de diálogo entre os saberes das celas com as aulas de matemática, em uma perspectiva transdisciplinar. O tema em apreço é fruto de inquietações e reflexões sobre os saberes construídos/adquiridos por jovens e adultos privados de liberdade manifestos nas aulas de matemática, onde a primeira autora atua como docente. Tais saberes, muitas vezes apresentam-se como uma forma de resistência ou para atendimento de demandas oriundas da precariedade do sistema penitenciário.